Como saber se tenho transtorno de ansiedade generalizada?
Quem nunca sentiu aquele frio na barriga antes de uma apresentação importante ou ficou rolando na cama à noite, preocupado com algo que aconteceria no dia seguinte?
Esse sentimento, em doses saudáveis, é uma parte normal da vida de todo mundo, ajudando-nos a lidar com situações tensas ou perigosas ao preparar o corpo para reagir a desafios.
O problema é quando a ansiedade se torna tão intensa e frequente que começa a atrapalhar o trabalho, estudos, relacionamentos e bem-estar.
Neste ponto, podemos estar falando de algo mais sério do que a ansiedade comum do dia a dia: um transtorno de ansiedade generalizada.
Assim, é essencial saber diferenciar a ansiedade ocasional e saudável de um transtorno.
Essa compreensão pode ser o primeiro passo para buscar ajuda adequada e transformar a sua qualidade de vida!
Qual a diferença entre ansiedade e o transtorno de ansiedade generalizada?
Como mencionamos, a ansiedade, em sua forma normal, é uma emoção fundamental que todos experimentamos.
Ela surge como uma reação a situações que despertam medo, dúvida ou expectativa.
Porém, quando essa ansiedade se torna excessiva e persiste por longos períodos, podendo durar seis meses ou mais, ela pode indicar a presença de um transtorno de ansiedade generalizada.
Esse transtorno é caracterizado por uma preocupação crônica, excessiva e de difícil controle, que é desproporcional às situações que a desencadeiam.
No transtorno, a ansiedade é tão intensa que causa sofrimento e interfere na qualidade de vida da pessoa, afetando suas funções familiares, sociais e profissionais.
Além disso, o quadro pode vir acompanhado de sintomas físicos e psicológicos.
Segundo um levantamento global sobre transtornos mentais realizado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), 9,3% da população brasileira possui transtorno de ansiedade generalizada, o que faz com que nosso país tenha a maior taxa de prevalência deste problema entre todas as nações pesquisadas.
É importante mencionar que as mulheres, em particular, tendem a ser mais vulneráveis ao transtorno de ansiedade generalizada, embora ele possa afetar pessoas de todas as idades e gêneros.
Quais são os sintomas do transtorno de ansiedade generalizada?
Os sintomas do transtorno de ansiedade generalizada podem variar, mas existem alguns sinais comuns que devem ser levados em consideração:
- Preocupação excessiva: essas preocupações são frequentemente desproporcionais ao nível de perigo real;
- Inquietação ou sensação de estar “no limite”: pessoas com transtorno de ansiedade muitas vezes se sentem agitadas ou nervosas;
- Dificuldade de concentração: muitas vezes, pessoas com transtorno de ansiedade acham difícil manter o foco em tarefas diárias;
- Irritabilidade: a tensão constante pode tornar os indivíduos com transtorno de ansiedade mais suscetíveis a reações irritadas;
- Perturbação do sono: dificuldades em adormecer ou manter o sono são comuns;
- Tensão muscular: pode haver tensão muscular contínua, que às vezes é tão constante que a pessoa pode nem perceber até tentar relaxar.
- Fadiga: a ansiedade constante pode ser extremamente desgastante, levando a uma sensação generalizada de cansaço;
- Falta de ar: muitas vezes, pacientes com esta distúrbio têm episódios agudos de sensação de falta de ar, sufocamento;
- Ataques de pânico: em alguns casos, o transtorno de ansiedade pode se manifestar com sintomas intensos que caracterizam ataques de pânico;
- Evitação de situações: pode ocorrer a evitação de situações ou atividades que a pessoa acredita que podem desencadear a ansiedade.
Como diagnosticamos e tratamos esse transtorno?
Diagnosticar e tratar o transtorno de ansiedade requer uma abordagem detalhada e integrada.
O processo começa com uma avaliação clínica completa, onde o psicólogo ou psiquiatra realiza entrevistas detalhadas para entender a história dos sintomas e seu impacto no dia a dia do paciente.
Então, utilizamos critérios diagnósticos de manuais, como o DSM-5 (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, 5ª edição) e também escalas de sintomas, como a de Hamilton para ansiedade (HAM-A), com a finalidade de determinarmos se a ansiedade pode ser enquadrada como um transtorno e qual a gravidade dela no momento da avaliação.
Os principais critérios para este transtorno, são:
- Os pacientes devem ter ansiedade excessiva e se preocupar com várias atividades ou eventos, ocorrendo por, pelo menos, 6 meses;
- As preocupações são difíceis de controlar e devem estar associadas a, pelo menos, 3 dos seguintes:
- Agitação ou sensação de nervosismo ou tensão
- Cansaço fácil
- Dificuldade de concentração
- Irritabilidade
- Tensão muscular
- Alterações do sono
- Os sintomas psiquiátricos devem causar sofrimento significativo ou prejudicar muito o funcionamento social ou ocupacional
- A ansiedade e a preocupação não podem ser explicadas pelo uso de substâncias ou uma doença clínica geral (p. ex., hipertireoidismo).
Para casos leves a moderados, o tratamento primário envolve psicoterapia, especialmente a Terapia Cognitivo-Comportamental, que é eficaz na modificação de pensamentos e comportamentos que alimentam a ansiedade.
Em casos mais severos, com mais impacto funcional, pode-se precisar da terapia farmacológica associada.
No nosso blog, temos um artigo completo sobre os avanços no tratamento da depressão e da ansiedade, acesse e saiba mais!
Aqui, reforçamos que a colaboração entre o psicólogo e o psiquiatra é fundamental, combinando terapia e, quando necessário, tratamento farmacológico.
Este tratamento integrado requer acompanhamento contínuo para ajustar o plano, conforme a resposta do paciente ao tratamento.
Como mudanças no estilo de vida e na rotina podem colaborar para amenizar a ansiedade?
Mudanças no estilo de vida e na rotina podem colaborar bastante na redução dos sintomas de ansiedade.
Aqui estão algumas mudanças eficazes:
Exercício físico regular
A prática regular de atividades físicas é um dos meios mais efetivos para combater a ansiedade.
O exercício libera a endorfina, um neurotransmissor que melhora o humor, sendo um redutor natural do estresse.
Alimentação saudável
Uma dieta balanceada que inclua uma variedade de nutrientes pode influenciar positivamente a mente e o corpo.
Alimentos ricos em vitaminas do complexo B, magnésio e ácidos graxos ômega-3 são conhecidos por ajudar a reduzir os níveis de estresse e melhorar a função cerebral.
Meditação e técnicas de relaxamento
Práticas como meditação, yoga e técnicas de respiração profunda podem ser extremamente benéficas para a manutenção do seu bem-estar.
Essas técnicas ajudam a acalmar a mente, reduzir a tensão e melhorar a concentração, fornecendo uma pausa necessária das preocupações diárias.
Sono adequado
O sono tem um impacto profundo na saúde mental.
Portanto, estabelecer uma rotina de sono regular e garantir que você obtenha um sono de qualidade são essenciais para reduzir a ansiedade.
A falta de sono pode aumentar os níveis de cortisol, o hormônio do estresse, e prejudicar a capacidade de lidar com situações estressantes.
Limitar substâncias estimulantes
Reduzir o consumo de cafeína e outras substâncias estimulantes pode diminuir os picos de ansiedade.
A cafeína, por exemplo, pode aumentar a palpitação, a tensão e outros sintomas físicos da ansiedade.
Tempo para hobbies e interesses
Dedicar tempo para atividades que você gosta pode ser um excelente antídoto para o estresse.
Seja ler um livro, pintar, dançar, fazer jardinagem ou qualquer outra atividade recreativa.
Lembre-se que passatempos oferecem distração e um sentido de realização.
Redução do estresse no trabalho
Gerenciar a carga de trabalho e estabelecer limites claros entre a vida profissional e pessoal pode ajudar a reduzir o estresse e a ansiedade relacionados ao trabalho.
Se você quiser saber mais sobre os cuidados necessários para manter a sua saúde mental, acesse este artigo em nosso site!
Assim sendo, se você ou alguém que você conhece está enfrentando os sintomas relacionados ao transtorno de ansiedade generalizada, saiba que é importante procurar ajuda profissional para avaliação e tratamento apropriados.
Nossos especialistas em saúde mental estão prontos para ajudar, entre em contato com o Centro Afeto e agende um encontro!
