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Será Baby Blues ou depressão pós-parto?
A chegada de um bebê é um momento de grande alegria, mas também pode trazer uma montanha-russa de emoções para as novas mães.
Muitas mulheres experimentam sentimentos intensos e confusos após o parto, que podem variar de felicidade e euforia a tristeza e ansiedade.
Entre essas emoções, duas condições frequentemente confundidas são o Baby Blues e a depressão pós-parto.
Embora ambos envolvam mudanças de humor e tristeza, esses estados possuem suas próprias particularidades em termos de intensidade, duração e impacto na vida da mãe.
Assim, é essencial saber diferenciar o Baby Blues da depressão pós-parto e estar ciente das abordagens eficazes para o tratamento de cada condição, ajudando as mães a navegar por esse período desafiador.
O que é o Baby Blues?
O baby Blues, também conhecido como blues puerperal, é um estado emocional transitório que pode ocorrer após o parto.
Ele se manifesta como um quadro depressivo leve, sendo mais intenso que as flutuações emocionais normais, mas menos grave que a depressão pós-parto.
Os sintomas do Baby Blues incluem:
- Tristeza;
- Choro fácil;
- Irritabilidade;
- Ansiedade;
- Fadiga;
- Alterações no sono;
- Dificuldade de concentração.
Normalmente, as principais causas para o desenvolvimento do Baby Blues incluem as mudanças físicas, emocionais e hormonais que a mulher passa após o parto.
Por exemplo, a queda rápida nos níveis de hormônios neste período, como estrogênio e progesterona, pode afetar o humor da paciente.
Além disso, a recuperação física do parto, a falta de sono e as novas responsabilidades de cuidar de um recém-nascido são muito significativas e algumas mulheres podem não conseguir se adaptar de forma tão rápida.
É importante saber que o Baby Blues tende a se resolver espontaneamente, com o passar dos dias.
Porém, se os sintomas persistirem por um período mais prolongado ou se intensificarem, afetando o dia a dia da mulher, pode ser um indicativo de progressão para a depressão pós-parto.
O que é a depressão pós-parto?
A depressão pós-parto é uma forma de depressão que se inicia, normalmente, após o primeiro mês do nascimento do bebê e pode se estender por um período prolongado.
Segundo um estudo feito pela Fiocruz, mais de 25% das mães no Brasil sofrem com esta condição.
Seus sintomas são mais graves e incluem:
- Tristeza profunda;
- Desesperança;
- Falta de interesse em atividades diárias;
- Alterações acentuadas no apetite e no sono;
- Irritabilidade;
- Sentimentos de inutilidade ou culpa;
- Dificuldade de concentração;
- Em casos graves, pensamentos de autoagressão ou de prejudicar o bebê.
Além disso, é importante saber que a depressão pós-parto não só afeta a qualidade de vida e o autocuidado da mãe, mas também está associada a complicações a longo prazo.
Isso inclui problemas na amamentação, redução do vínculo materno com o recém-nascido, conflitos conjugais, cuidados diminuídos com a criança, risco aumentado de problemas no desenvolvimento psicomotor e social da criança, além de um risco elevado de suicídio e infanticídio.
Assim, esta é uma condição que merece atenção, principalmente, pois sua incidência vem aumentando no mundo.
Para se ter uma ideia, um estudo recente publicado no Brazilian Journal of Psychiatry, revelou que a taxa de mulheres com sintomas de depressão pós-parto no mundo aumentou de 14% para 31% durante a pandemia de covid-19.
A pesquisa, que analisou 4.788 puérperas, sugere diversas razões para esse aumento significativo.
Entre elas, estão os efeitos diretos do vírus no sistema nervoso central, as experiências traumáticas relacionadas à infecção ou perda de entes queridos, o estresse causado pela alteração na rotina devido às medidas de distanciamento social, e mudanças na situação econômica, na rotina de trabalho ou nos relacionamentos afetivos.
Fatores de risco para a depressão pós-parto
Esta é uma condição mais grave e persistente, sendo que as causas são mais complexas.
Existem alguns fatores de risco importantes, que podem influenciar a ocorrência do problema:
- Histórico de saúde mental: mulheres com histórico pessoal ou familiar de depressão ou outras condições psiquiátricas têm maior risco;
- Estressores psicossociais: isso inclui falta de apoio social, problemas de relacionamento, estresse financeiro e outras pressões;
- Complicações durante o parto: experiências traumáticas durante o parto podem aumentar o risco de depressão pós-parto;
- Características do parto e pós-parto: como problemas na amamentação, saúde do bebê e outras complicações médicas podem também ser gatilhos.
Ademais, devemos destacar que a romantização excessiva da maternidade pode influenciar negativamente a saúde mental materna.
As mulheres são frequentemente colocadas como responsáveis por cuidar, e a idealização da gravidez, parto e criação dos filhos promove uma ideia de felicidade constante, o que nem sempre é realista e acaba por gerar ainda mais frustrações.
Como diferenciar essas duas condições na prática?
Diferenciar o Baby Blues da depressão pós-parto é essencial para assegurar que as mães recebam o apoio e tratamento adequados, visto que ambas as condições envolvem alterações de humor e sentimentos de tristeza, mas diferem em termos de intensidade, duração e impacto no cotidiano.
O Baby Blues geralmente aparece nos primeiros dias após o parto e é temporário, desaparecendo por conta própria por volta do primeiro mês após o nascimento. Este estado não costuma requerer tratamento com medicações, embora o apoio de familiares, amigos e de um profissional de saúde mental possa ser muito benéfico.
A depressão pós-parto pode surgir a qualquer momento durante o primeiro ano após o nascimento, sendo mais comum nas primeiras semanas ou meses.
Além disso, esta condição é marcada por sintomatologia mais intensa que afeta significativamente a funcionalidade da mãe e a qualidade de vida tanto dela quanto da criança.
Assim, é vital que as mulheres passem por uma avaliação cuidadosa para determinar qual condição está enfrentando, especialmente se os sintomas persistirem ou se agravarem.
Como tratar o baby blues e a depressão pós-parto?
Como vimos, o Baby Blues é uma condição passageira. Contudo, não podemos subestimar a necessidade de suporte emocional nesta fase.
A presença de uma rede de apoio, formada por família, amigos ou por outras mães que estejam passando pela mesma situação, colabora para que a mulher se sinta mais acolhida, reduzindo a intensidade dos sintomas do Baby Blues.
Também é importante proporcionar ajuda com as tarefas relacionadas à casa e o bebê, para que ela possa dedicar um tempo às suas necessidades e momentos de descanso.
Porém, quando consideramos os sintomas da depressão pós-parto, o acompanhamento médico se torna indispensável.
Em relação ao tratamento, costumamos indicar, inicialmente, a psicoterapia para casos que não sejam severos.
Ademais, se os sintomas persistirem ou forem moderados a graves, pode ser necessário adicionar tratamento medicamentoso seguro para uso mesmo durante a amamentação.
Também indicamos a adesão a terapias complementares, como a prática regular de atividades físicas, participação em grupos de educação parental e práticas como meditação e yoga.
Se você quer saber quais são os principais cuidados para manter a sua saúde mental, acesse este artigo em nosso blog!
Por fim, nos casos mais graves de depressão pós-parto, onde há um grande impacto no bem-estar e na funcionalidade social, bem como risco elevado de pensamentos suicidas, uma avaliação psiquiátrica imediata é indispensável, que inclusive, pode resultar em internação.
Lembre-se, buscar ajuda não só facilita a recuperação, mas também proporciona estratégias eficazes para lidar com os desafios da maternidade.
Então, se você ou alguém que conhece está passando por essa situação, entre em contato com os especialistas em saúde mental do Centro Afeto para uma avaliação e o suporte necessário.
Juntos, podemos promover uma maternidade mais saudável e feliz!