Transtorno Borderline: conheça estratégias para gerenciar a instabilidade emocional

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O Transtorno Borderline caracteriza-se por uma instabilidade emocional que pode impactar profundamente a vida de quem a possui.

Ainda que não haja uma causa única e definitiva para o surgimento deste transtorno, sabe-se que fatores genéticos são bastante significativos.

Além disso, estudos indicam que experiências adversas durante a infância, como abuso físico ou emocional, negligência e experiências traumáticas também são associadas ao desenvolvimento do transtorno.

Dessa forma, é fundamental conhecer estratégias que possam auxiliar no gerenciamento dessa montanha-russa emocional.

Então, acompanhe esse artigo para conhecer as principais abordagens terapêuticas que podem oferecer suporte e melhorar a qualidade de vida dos pacientes afetados pela síndrome.

O que é o transtorno borderline?

O termo “borderline”, que significa “fronteiriço” em inglês, tem suas raízes na psicanálise.

O psicanalista norte-americano Adolph Stern foi o primeiro a utilizar este termo, em 1938, descrevendo o transtorno como uma espécie de “hemorragia psíquica” frente às frustrações.

Um transtorno de personalidade, de modo geral, representa uma forma de ser, sentir, perceber a si mesmo e interagir com os outros que se desvia do que é considerado “normal” ou saudável, causando sofrimento tanto para a pessoa quanto para aqueles ao seu redor.

Os pacientes com este transtorno não se encaixavam completamente nos espectros de neurose (caracterizada por ansiedade e exagero) nem de psicose (caracterizada por uma percepção distorcida da realidade), estando em uma posição intermediária.

Dados indicam que a prevalência do transtorno de personalidade borderline nos Estados Unidos é estimada em 2,7%, podendo alcançar até 5,9%.

Entre pacientes internados para tratamento de transtornos mentais, a prevalência sobe para aproximadamente 20%.

Além disso, cerca de 75% das pessoas diagnosticadas com este transtorno são mulheres.

Quais são os sintomas desse transtorno?

Os sintomas do transtorno borderline são bastante variados:

Medo intenso de abandono

Pessoas com borderline podem ter um medo extremo de serem abandonadas ou rejeitadas, o que pode levar a comportamentos desesperados para evitar a separação real ou imaginária.

Relacionamentos intensos e instáveis

As relações interpessoais podem ser muito intensas e voláteis, oscilando entre a idealização extrema e a desvalorização.

Autoimagem instável

A pessoa pode ter uma autoimagem ou senso de identidade instável, que pode mudar bastante dependendo das circunstâncias.

Comportamentos impulsivos

Comportamentos impulsivos em pelo menos duas áreas que são potencialmente autodestrutivas, como gastar dinheiro de forma irresponsável, sexo, abuso de substâncias, direção imprudente, compulsão alimentar.

Comportamento autodestrutivo

Há um risco elevado de comportamentos autodestrutivos, como automutilação (cortes) ou tentativas de suicídio.

Mudanças de humor intensas

Episódios de humor intensamente variado, incluindo irritabilidade, ansiedade ou euforia que podem durar algumas horas ou, raramente, mais que alguns dias.

Raiva intensa e inapropriada

Explosões de raiva intensa ou dificuldade em controlar a raiva, muitas vezes seguidas de vergonha ou culpa.

No nosso blog, temos um artigo completo sobre irritabilidade excessiva, acesse e entenda!

Paranoia temporária ou dissociação

Em situações de estresse, a pessoa pode ter pensamentos paranoides ou sentir-se dissociada, como se estivesse desligada de si mesma ou do ambiente ao redor.

Qual a diferença entre transtorno bipolar e transtorno borderline?

O transtorno borderline e o transtorno bipolar são dois diagnósticos distintos que, embora compartilhem alguns sintomas, apresentam diferenças em suas características e padrões de comportamento.

Pessoas com transtorno bipolar experienciam episódios de humor extremos, alternando entre mania (ou hipomania) e depressão.

Durante os episódios maníacos, os indivíduos podem sentir euforia, energia elevada e impulsividade, enquanto nos episódios depressivos, podem enfrentar tristeza profunda, baixa energia e desesperança.

O transtorno bipolar é classificado como um transtorno de humor e afeta a regulação do humor de maneira periódica e previsível​

Em contraste, o transtorno de personalidade borderline caracteriza-se por uma instabilidade emocional mais rápida e intensa, com mudanças de humor que podem ocorrer em questão de segundos, minutos ou horas.

Assim, as pessoas com transtorno de personalidade borderline frequentemente lutam com questões de identidade, sentimentos crônicos de vazio, medos intensos de abandono e padrões de relacionamentos instáveis.

No nosso site, temos um artigo completo sobre o transtorno bipolar, acesse e saiba mais!

Como diagnosticamos o transtorno de borderline?

Iniciamos o processo do diagnóstico com uma entrevista clínica.

O psiquiatra coleta informações detalhadas sobre o histórico médico e psiquiátrico do paciente, incluindo sintomas atuais e passados, tratamentos anteriores e histórico familiar de transtornos mentais.

Durante a consulta, também focamos nos sintomas específicos do transtorno, como instabilidade emocional, comportamento impulsivo, medo de abandono e dificuldades nos relacionamentos.

Os critérios diagnósticos baseiam-se no Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5).

Para o diagnóstico dessa condição, é necessário que o paciente apresente pelo menos cinco dos nove critérios listados no manual.

Além da entrevista clínica, questionários e avaliações padronizadas, como o Inventário de Transtorno de Personalidade Borderline (BPI) e a Entrevista Clínica Estruturada para Transtornos de Personalidade (SCID-II), podem ser utilizados para avaliar traços de personalidade e sintomas específicos.

Reforçamos que é fundamental excluir outros transtornos mentais que possam apresentar sintomas semelhantes.

Às vezes, o diagnóstico pode requerer observação ao longo do tempo para entender melhor o padrão e a persistência dos sintomas.

Como realizamos o tratamento dessa condição?

A psicoterapia é a principal forma de tratamento, com várias modalidades mostrando eficácia.

A terapia comportamental dialética, conhecida como DBT, foi especificamente desenvolvida para pacientes borderline e foca em habilidades de mindfulness, regulação emocional, tolerância ao sofrimento e eficácia interpessoal.

Essa terapia valida as emoções dos pacientes e promove mudanças positivas em seus comportamentos e pensamentos.

Outra abordagem que podemos utilizar é a terapia cognitivo-comportamental, que ajuda os pacientes a identificar e mudar crenças e comportamentos disfuncionais, reduzindo sintomas de humor e ansiedade e diminuindo comportamentos autodestrutivos.

Em termos de medicação, embora não haja medicamentos especificamente aprovados para transtorno de borderline, podemos prescrever algumas opções para tratar sintomas específicos ou condições coexistentes.

Dessa forma, podemos usar antidepressivos para tratar sintomas de depressão e sentimentos crônicos de vazio, enquanto antipsicóticos podem ajudar com sintomas de paranoia e pensamentos desorganizados.

Já os estabilizadores de humor podem ser eficazes no controle da impulsividade e das variações rápidas de humor.

Um estudo recente que avaliou a melhora na sintomatologia do transtorno de personalidade borderline após estimulação magnética transcraniana repetitiva do córtex pré-frontal dorsomedial concluiu que a técnica foi bem tolerada e reduziu a gravidade da sintomatologia do transtorno.

Os resultados foram mais significativos especialmente em relação ao abandono, questões afetivas, relacionamentos interpessoais, comportamento suicida, raiva e ideação paranoide.

Além disso, foi observada uma melhora cognitiva na tomada de decisões, mas estudos adicionais são necessários para avaliar completamente os efeitos deste tratamento.

Também podemos indicar terapias artísticas, incluindo arte, música e dança, para ajudar os pacientes a expressar e processar suas emoções de maneira criativa.

Ademais, é vital que os pacientes com transtorno borderline desenvolvam estratégias de autocuidado e construam uma rede de apoio.

Portanto, se você ou alguém que você conhece está lidando com essa condição, ou ainda, se está enfrentando instabilidade emocional e precisa de orientação, o Centro Afeto está aqui para ajudar.

Nosso time de especialistas em saúde mental está preparado para oferecer suporte e tratamento personalizado, seja qual for o diagnóstico ou situação atual.

Você não precisa sofrer! Entre em contato conosco e marque sua consulta agora mesmo!

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