Alergia a medicamentos: o que fazer em caso de emergência?

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A alergia a medicamentos é uma reação adversa potencialmente grave que ocorre quando o sistema imunológico reconhece e reage de forma exagerada a uma substância presente em um remédio.

No Brasil, de acordo com a Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (ASBAI), cerca de 16 milhões de pessoas sofrem com algum tipo de alergia medicamentosa.

Embora muitas vezes os sintomas sejam leves, como erupções cutâneas ou coceira, em alguns casos, as reações podem ser graves e até fatais, como na anafilaxia, o que exige intervenção médica imediata.

Assim, a identificação precoce de sintomas, como dificuldade para respirar, inchaço facial ou sensação de desmaio, deve levar a medidas imediatas e o transporte rápido para o hospital mais próximo.

Entenda melhor neste artigo!

O que é a alergia a medicamentos?

Segundo a Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo, uma reação adversa a medicamentos é qualquer efeito nocivo, não intencional e indesejado, que ocorre nas doses terapêuticas normais em humanos.

Já a alergia a medicamentos, ou reação de hipersensibilidade a medicamentos, é uma resposta exagerada do sistema imunológico a uma substância presente em um medicamento.

As reações alérgicas podem se manifestar de diferentes formas, variando de leves a graves, como erupções cutâneas, inchaço, coceira, até reações mais graves como a anafilaxia e a Síndrome de Stevens-Johnson (SSJ)/ Necrose Epidérmica Tóxica (NET), que são emergências médicas.

Embora possam ocorrer em qualquer idade, as reações alérgicas a medicamentos são mais frequentes em adultos e idosos, principalmente devido ao uso mais frequente de medicamentos.

Quais são as principais causas da alergia a medicamentos?

Entre as causas mais comuns para as alergias a medicamentos, podemos destacar:

Resposta imunológica exagerada

A alergia a medicamentos ocorre quando o sistema imunológico identifica erroneamente uma substância presente no medicamento como uma ameaça e reage liberando substâncias químicas, como histaminas, que causam os sintomas alérgicos.

Histórico familiar ou genético

Pessoas com histórico familiar têm maior propensão a desenvolver alergias, incluindo aos medicamentos.

A predisposição genética pode influenciar como o corpo reconhece e reage a determinadas substâncias.

Uso prolongado ou repetido de medicamentos

O uso contínuo ou repetido de um mesmo medicamento pode aumentar o risco de sensibilização do organismo, nas pessoas predispostas, levando ao desenvolvimento de uma alergia.

Tipo de medicamento

Alguns tipos de medicamentos estão entre os mais frequentes a causarem reações alérgicas, como antibióticos, anti-inflamatórios não esteroides (AINEs) e anticonvulsivantes.

Esses medicamentos têm componentes que são mais frequentemente reconhecidos pelo sistema imunológico de maneira a desencadear reações de hipersensibilidade .

Doenças associadas

Certas condições de saúde, como infecções virais, doenças autoimunes ou HIV, podem aumentar a sensibilidade do organismo a medicamentos, tornando a pessoa mais propensa a reações alérgicas.

Exposição prévia

A exposição anterior a um medicamento, mesmo que não tenha causado reações na época, pode sensibilizar o sistema imunológico, fazendo com que uma reação alérgica ocorra em usos posteriores.

Quais são os medicamentos mais frequentemente associados a reações alérgicas?

Os medicamentos mais frequentemente associados a reações alérgicas incluem:

  • Analgésicos e anti-inflamatórios: responsáveis pela maioria das alergias a medicamentos, segundo a Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (ASBAI). Remédios como aspirina, dipirona, ibuprofeno e naproxeno estão entre os mais comuns nesse grupo;
  • Antibióticos: especialmente as penicilinas (como a amoxicilina) e cefalosporinas,  são conhecidos por desencadear reações alérgicas, que podem variar de leves a graves;
  • Anticonvulsivantes: medicamentos usados para o controle de convulsões também podem causar reações alérgicas;
  • Anestésicos: tanto os anestésicos locais quanto gerais podem induzir reações alérgicas em algumas pessoas;
  • Meios de contraste: usados em exames radiológicos, como a tomografia, esses contrastes podem causar reações alérgicas, variando de leves a severas;
  • Vacinas: embora raras, algumas vacinas podem desencadear reações alérgicas devido a componentes presentes, como conservantes ou adjuvantes.

Quais são os sintomas de uma alergia medicamentosa?

Os sintomas de uma alergia medicamentosa podem variar em intensidade, desde leves até potencialmente fatais e incluem:

  • Erupções cutâneas: vermelhidão na pele, manchas ou urticária (manchas elevadas e pruriginosas);
  • Coceira: sensação de prurido na pele, geralmente acompanhada por erupções;
  • Inchaço: principalmente no rosto, lábios, língua ou garganta (angioedema), podendo causar dificuldade para respirar ou engolir;
  • Dificuldade para respirar: pode ocorrer chiado no peito ou falta de ar, especialmente em reações mais graves;
  • Tontura ou desmaio: este é um sintoma de anafilaxia, uma reação alérgica severa e generalizada;
  • Febre: mesmo não sendo o mais comum, alguns tipos de reação a medicamento podem apresentar febre como parte da reação;
  • Sintomas gastrointestinais: náusea, vômito, diarreia e dor abdominal podem ocorrer em algumas reações alérgicas;
  • Síndrome de Stevens- Johnson: quadro de alergia grave que pode acontecer até semanas após o uso da medicação, pode se iniciar com sintomas que lembram a gripe, seguidas de uma irritação vermelha na pele de todo corpo que evoluem para bolhas que podem afetar boca, olhos com descolamento e descamação de grande parte da pele. Seu tratamento exige internação e cuidados intensivos.
  • Anafilaxia: reação alérgica sistêmica, que envolve o aparecimento de sintomas de alergia envolvendo mais de um sistema logo após (minutos a poucas horas) a sua utilização. É uma reação grave que pode evoluir para o Choque Anafilático, demonstrado por pressão arterial baixa, pulso acelerado, confusão mental, perda de consciência e até risco de morte.

A anafilaxia deve ser avaliada imediatamente em serviços de emergência médicas, seu tratamento envolve a pronta administração de adrenalina intramuscular, segundo a dose recomendada para cada faixa etária, além de medidas de estabilização e suporte.

Alergia a medicamentos: o que fazer em caso de emergência?

Um artigo publicado em 2022 aponta aumento de 2,4% ao ano nas internações e 3,8% nos óbitos por anafilaxia entre 2011 e 2019 no Brasil.

Assim, em caso de emergência causada por alergia a medicamentos, é fundamental agir de forma rápida para evitar complicações graves, como o choque anafilático.

O primeiro passo é reconhecer os sintomas relacionados. Como vimos, esses sinais podem aparecer logo após a administração do medicamento ou um pouco depois. 

Então, esteja atento, mesmo se os sintomas aparecerem, por exemplo, no dia seguinte. 

Ao notar as alterações, é preciso procurar o atendimento de emergência imediatamente, ou chamar o serviço de emergência através do número 192.

Se a pessoa tiver histórico e reação grave e possuir um auto aplicador de adrenalina, ele deve ser usado na parte externa da coxa.

Enquanto aguarda ajuda, é importante evitar mudanças bruscas de posição, que podem prejudicar a circulação, se possível deitar a pessoa devagar com as pernas elevadas para ajudar a estabilizar a pressão arterial.

Caso a pessoa vomite ou tenha dificuldade para respirar, é necessário virá-la de lado para evitar o sufocamento.

Além disso, se ela estiver inconsciente e não estiver respirando, pode ser preciso iniciar a ressuscitação cardiopulmonar (RCP).

Como diagnosticamos e tratamos a alergia a medicamentos?

Se você suspeita que possui alergias a medicamentos ou outras substâncias, procurar o médico alergista é fundamental.

Inicialmente, faremos uma análise do histórico médico, incluindo os sintomas que surgiram após o uso do medicamento e a duração das reações.

Com base nessa avaliação, podemos solicitar teste de alergia adicional, com o objetivo de confirmar a alergia ou encontrar opções para substituir o medicamento associado à reação, como por exemplo:

Testes cutâneos (prick teste e intradérmico)

Pequenas quantidades do medicamento investigado são aplicadas na pele (geralmente do braço ), e monitoramos a reação local.

Esse teste é especialmente útil em casos de alergia à penicilina e outros antibióticos.

Testes de provocação

Esses testes são realizados quando há incerteza sobre a substância causadora da alergia ou para ajudar a definir opções seguras ao medicamento causador da reação.

Sob supervisão médica, o paciente recebe doses crescentes do medicamento investigado em um ambiente controlado, preparado para lidar com qualquer reação grave que possa ocorrer.

O tratamento imediato para alergias a medicamentos, especialmente em situações de emergência, envolve a interrupção do uso do medicamento e o tratamento dos sintomas.

Nesse caso, podemos indicar o uso de anti-histamínicos, corticosteroides e, em casos de anafilaxia, a administração de adrenalina para controlar as reações.

Além disso, o acompanhamento contínuo com o alergista é essencial.

Iremos orientar o paciente sobre quais medicamentos evitar e recomendar alternativas seguras para os tratamentos necessários.

Esse acompanhamento é especialmente importante, pois algumas reações alérgicas podem ser ainda mais graves se ocorrerem novamente sem tratamento adequado.

Portanto, ao perceber qualquer sintoma relacionado à alergia medicamentosa, entre em contato com os especialistas do Centro Afeto para garantir sua segurança e saúde!

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