Depressão resistente tem cura?

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A depressão resistente é uma condição que representa um desafio tanto para os pacientes quanto para os profissionais de saúde.

Trata-se de um quadro em que os sintomas depressivos persistem, mesmo após o uso de diferentes abordagens medicamentosas, comprometendo de forma severa a qualidade de vida, as relações sociais e a funcionalidade do paciente.

Para muitas pessoas, essa resistência ao tratamento pode gerar frustração e desespero, criando a impressão de que não há solução possível.

Entretanto, a depressão resistente não é apenas a ausência de resposta aos tratamentos tradicionais.

Ela reflete uma complexa interação de fatores biológicos, genéticos e ambientais que demandam uma abordagem multidisciplinar e inovadora.

Assim, com os avanços da medicina e a crescente compreensão sobre os mecanismos envolvidos nesse tipo de depressão, novas possibilidades de tratamento têm surgido, trazendo esperança para quem convive com essa condição tão debilitante.

O que é a depressão resistente?

A depressão resistente, também conhecida como depressão refratária ou depressão maior, é um termo usado para descrever casos de depressão em que os sintomas não melhoram.

Isso ocorre mesmo após o uso adequado de, no mínimo, dois tratamentos com medicamentos sendo usados por tempo e com dose corretos. 

Assim, garantimos que o sistema nervoso central tenha tempo suficiente para responder ao tratamento.

Essa pesquisa conduzida na América Latina revelou que 30% dos indivíduos diagnosticados com depressão sofrem com a forma resistente da condição.

Os dados destacaram que, no Brasil, aproximadamente 40,4% das pessoas com depressão apresentam quadro refratário.

Quais são os sintomas dessa condição?

Os sintomas da depressão resistente são semelhantes aos da depressão, mas persistem mesmo após tentativas de tratamento adequado.

Assim, entre os principais sinais dessa condição, podemos destacar:

  • Humor deprimido persistente: tristeza profunda, sensação de vazio ou desesperança, que não melhora com medicamentos;
  • Fadiga e perda de energia: cansaço extremo, mesmo após descanso suficiente;
  • Dificuldade de concentração: problemas para focar, tomar decisões ou lembrar de informações importantes;
  • Alterações no apetite: perda ou aumento de peso sem intenção;
  • Distúrbios do sono: insônia persistente ou sono excessivo, mesmo com tratamento;
  • Perda de interesse e prazer: ausência de entusiasmo por atividades que antes eram agradáveis;
  • Irritabilidade: humor instável, com episódios frequentes de irritação ou frustração;
  • Sentimentos de inutilidade ou culpa: pensamentos constantes de autocrítica ou remorso desproporcionais;
  • Ideação suicida: pensamentos recorrentes sobre morte, planejamento ou tentativa de suicídio.

É fundamental compreender que a depressão refratária não é um sinal de fraqueza ou falta de determinação, mas sim uma condição em que os tratamentos convencionais não apresentam resultados, tornando necessária a adoção de abordagens terapêuticas mais intensivas.

Como realizamos o diagnóstico dessa condição?

O diagnóstico de depressão resistente é feito por um psiquiatra por meio de uma abordagem que envolve avaliações clínicas, históricas e laboratoriais.

Ele se aplica a casos em que o paciente não apresenta resposta satisfatória a pelo menos dois medicamentos antidepressivos diferentes, administrados nas doses adequadas e por um período suficiente.

Além disso, esse estudo reforça que o diagnóstico requer a exclusão de condições que possam interferir no tratamento, como comorbidades médicas ou psiquiátricas, uso inadequado de medicação ou diagnósticos incorretos.​

Nessa avaliação, temos que incluir o uso de escalas de gravidade da depressão, avaliação do risco de suicídio e entrevistas estruturadas para explorar possíveis fatores associados, como ansiedade, traumas e histórico de resistência medicamentosa.

Também podemos indicar exames laboratoriais para investigar causas secundárias, incluindo disfunções tireoidianas, deficiências vitamínicas e alterações hormonais.

Por fim, em alguns casos, testes farmacogenéticos ajudam a identificar variações genéticas que podem influenciar a resposta aos medicamentos​

Depressão resistente tem cura? Quais são os tratamentos disponíveis?

A depressão resistente ao tratamento não é facilmente curada, mas há uma série de abordagens disponíveis para ajudar os pacientes a gerenciar a condição.

Os tratamentos podem ser combinados para oferecer a melhor resposta possível para cada indivíduo.

Confira abaixo algumas das opções utilizadas atualmente:

Combinando medicamentos

A abordagem padrão envolve tentar diferentes classes de antidepressivos, como inibidores seletivos da recaptação de serotonina ou antidepressivos tricíclicos.

Além disso, pode ser necessário combinarmos medicamentos ou usar terapias adjuvantes.

Isso inclui estabilizadores de humor, como o lítio, e antipsicóticos atípicos, para melhorar a resposta terapêutica​

Escetamina

A escetamina, um derivado da cetamina, é uma opção mais recente que tem mostrado bons resultados no tratamento da depressão resistente.

A escetamina, administrada intra nasal ou por via intravenosa, tem um início de ação rápido e um impacto positivo na redução de sintomas depressivos e comportamentos suicidas.

O mecanismo envolve a modulação do sistema glutamatérgico, melhorando a conectividade neural e a plasticidade sináptica no córtex pré-frontal.

Esse estudo confirma a importância do medicamento para pacientes que não respondem a antidepressivos tradicionais.

O paciente deve receber a dose de escetamina sob supervisão médica direta em um ambiente controlado e seguro.

Alguns pacientes relatam uma melhora significativa nos sintomas depressivos dentro de 3 a 4 horas após a aplicação. 

No entanto, essa melhora inicial pode não se manter após as primeiras sessões, tornando essencial a continuidade do tratamento e o cumprimento rigoroso do protocolo estabelecido.

Após cada aplicação, o paciente é monitorado por cerca de duas horas para observar possíveis efeitos colaterais, como dissociação, sedação, elevação da pressão arterial, entre outros, assegurando o acompanhamento necessário para sua segurança.

Se você quer saber mais sobre o tratamento com a escetamina, acesse esse artigo em nosso blog!

Estimulação magnética transcraniana (EMT)

Também conhecida como neuromodulação, a estimulação magnética é uma terapia não invasiva que utiliza campos magnéticos para estimular áreas específicas do cérebro associadas à depressão.

O estímulo atravessa a estrutura craniana até alcançar o córtex cerebral, onde atua diretamente nos neurônios, promovendo a melhora dos sintomas depressivos.

Os pulsos emitidos em baixa frequência (geralmente 1 hertz) têm a função de inibir a atividade da região cerebral tratada, enquanto os pulsos de alta frequência (geralmente 10 hertz) estimulam seu funcionamento, otimizando os resultados terapêuticos.

Essa terapia tem mostrado eficácia em pacientes com depressão resistente, especialmente quando outros tratamentos não foram eficazes.

Esse artigo analisa a eficácia de um tipo acelerado de estimulação magnética transcraniana para o tratamento da depressão.

A revisão demonstrou que a estimulação magnética reduz os sintomas depressivos de maneira rápida, com benefícios de manutenção a longo prazo.

Terapia eletroconvulsiva (ECT)

A ECT envolve a aplicação de uma corrente elétrica controlada no cérebro para induzir uma breve convulsão.

Esse é um tratamento comprovadamente eficaz em casos de depressão grave que não responderam a outros tratamentos.

Embora seja considerada o “padrão-ouro” para a depressão resistente, a ECT também apresenta desafios, como efeitos colaterais associados, especialmente problemas de memória e a necessidade de anestesia geral durante os procedimentos.

Apesar disso, esse artigo destaca os diversos benefícios do tratamento e a considera uma opção valiosa para casos em que outros tratamentos, como medicamentos ou estimulação magnética transcraniana, não são eficazes

Terapia cognitivo-comportamental

Esta abordagem psicoterapêutica é eficaz para muitos pacientes com depressão resistente.

A TCC foca em ajudar o indivíduo a identificar e mudar padrões de pensamento negativos e disfuncionais que contribuem para a depressão.

Da mesma forma, podemos combinar a terapia com outros tratamentos para melhorar os resultados.

Como lidar com a depressão resistente no dia a dia?

Lidar com a depressão resistente no dia a dia envolve a adoção de estratégias multifacetadas que complementam o tratamento médico. 

Primeiro, é importante estabelecer uma rotina estruturada que inclua atividades prazerosas e exercícios físicos, reconhecidos por melhorar o humor e reduzir o estresse.

Um estudo recente avaliou os efeitos das atividades físicas na depressão e concluiu que o exercício é um tratamento eficaz para esta condição, sendo caminhada ou corrida, ioga e treinamento de força mais eficazes do que outros exercícios, principalmente quando intensos.

Também recomendamos que o paciente busque cultivar um sistema de apoio social, contando com familiares e amigos para suporte emocional e momentos de interação.

Ressaltamos que a adesão ao tratamento prescrito é fundamental, assim como manter um diálogo aberto com o especialista responsável sobre sintomas persistentes ou efeitos colaterais.

Para pacientes com depressão resistente, o acompanhamento médico precisa ser contínuo para realizarmos ajustes conforme necessário e alcançar os melhores resultados possíveis.

Então, se você está enfrentando uma depressão resistente e precisa de apoio especializado, nossa equipe de psiquiatras e psicólogos está pronta para ajudar.

No Centro Afeto, oferecemos atendimento personalizado para que você possa encontrar o tratamento mais adequado às suas necessidades, proporcionando alívio e qualidade de vida.

Marque sua consulta agora mesmo e dê o primeiro passo para o seu bem-estar.

Estamos aqui para caminhar ao seu lado na jornada pela saúde mental!

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