De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), mais de 750 milhões de pessoas ao redor do mundo são afetadas por distúrbios da tireoide.
Apesar da alta prevalência, muitas pessoas desconhecem que têm algum problema na tireoide, o que pode ter sérias consequências, não apenas para a saúde física, mas também para a saúde mental.
Estudos têm mostrado que os distúrbios da tireoide podem influenciar diretamente o bem-estar psicológico, levando a sintomas como depressão, ansiedade e outros tipos de transtornos.
Portanto, compreender a relação entre a função tireoidiana e a saúde mental é essencial para diagnósticos precisos e tratamentos eficazes, melhorando, assim, a qualidade de vida dos pacientes.
O que é tireoide e quais são suas principais funções?
A tireoide é uma glândula endócrina em forma de borboleta localizada na parte frontal do pescoço, abaixo do pomo de Adão.
Ela é responsável pela produção de hormônios essenciais para o metabolismo e outras funções vitais do corpo.
A tireoide produz, principalmente, dois hormônios: a tiroxina (T4) e a triiodotironina (T3), que regulam o metabolismo controlando a velocidade com que as células do corpo utilizam energia.
Esses hormônios influenciam quase todos os sistemas do corpo, incluindo o crescimento e o desenvolvimento, a temperatura corporal e a frequência cardíaca.
Além disso, a tireoide produz a calcitonina, um hormônio envolvido na regulação dos níveis de cálcio no sangue e nos ossos.
Os hormônios da tireoide também são importantes na regulação do metabolismo basal, que é a taxa de energia que o corpo utiliza em repouso.
Por fim, a tireoide influencia a frequência cardíaca e a força das contrações cardíacas, ajudando a manter a pressão arterial e o ritmo cardíaco adequados.
Quais são os principais distúrbios da tireoide?
Entre os principais distúrbios da tireoide, podemos destacar o hipotireoidismo e o hipertireoidismo, conheça melhor cada um deles:
Hipotireoidismo
O hipotireoidismo ocorre quando a glândula tireoide não produz hormônios suficientes para atender às necessidades do corpo.
Este distúrbio pode ser causado por uma variedade de fatores, incluindo a doença autoimune chamada tireoidite de Hashimoto, onde o sistema imunológico ataca a tireoide.
Outros fatores podem incluir o tratamento com iodo radioativo ou cirurgia para remoção da tireoide, que podem resultar em uma produção insuficiente de hormônios.
Entre os sintomas dessa condição estão a fadiga, o ganho de peso, intolerância ao frio, pele seca, constipação, depressão e problemas de memória.
Hipertireoidismo
O hipertireoidismo, por outro lado, ocorre quando a tireoide produz hormônios em excesso.
A causa mais comum é a Doença de Graves, uma condição autoimune que leva à superprodução de hormônios tireoidianos.
Outros fatores podem incluir nódulos tireoidianos que se tornam hiperativos ou inflamação da tireoide (tireoidite), que causa a liberação de hormônios armazenados.
De que maneira os distúrbios da tireoide podem impactar a saúde mental?
Os sintomas do hipertireoidismo podem incluir perda de peso, aumento do apetite, ansiedade, irritabilidade, tremores, sudorese excessiva, batimentos cardíacos rápidos ou irregulares e problemas para dormir.
Muitas vezes, os sintomas psiquiátricos são as primeiras manifestações da alteração da tireoide e que levam à procura de atendimento médico.
Para se ter uma ideia, um dos principais sintomas do hipotireoidismo é a perda progressiva de iniciativa e interesse decorrente da diminuição geral da velocidade dos processos mentais.
Uma tireoide pouco ativa também pode causar problemas de memória, comprometimento intelectual, dificuldade de atenção e concentração, além de pensamento confuso.
Pesquisas mostram que pessoas com hipotireoidismo podem apresentar fadiga, depressão, dificuldade de concentração e outros sintomas cognitivos semelhantes aos da depressão clínica.
A relação entre hipotireoidismo e depressão é tão significativa que a American Association of Clinical Endocrinologists recomenda que todos os pacientes diagnosticados com depressão sejam avaliados para hipotireoidismo subclínico ou clínico.
Além disso, mesmo casos leves de hipotireoidismo podem contribuir para sintomas depressivos.
Nesse sentido, tratar o desequilíbrio da tireoide pode aliviar alguns desses sintomas, embora o tratamento da tireoide por si só muitas vezes não seja suficiente para a recuperação completa da depressão.
Inclusive, um estudo recente apontou que, sem o tratamento adequado, que envolve a reposição hormonal, os casos mais graves podem evoluir para demência.
Já o hipertireoidismo, caracterizado pela produção excessiva de hormônios tireoidianos, também pode impactar significativamente a saúde mental.
Este distúrbio está frequentemente associado a sintomas de ansiedade, incluindo nervosismo, irritabilidade, impaciência, mudanças bruscas de humor e dificuldade para dormir.
Estudos indicam que até 60% das pessoas com hipertireoidismo apresentam sinais de algum transtorno psiquiátrico, como transtorno de ansiedade generalizada, ataques de pânico e agorafobia.
Além disso, o hipertireoidismo pode estar relacionado a um aumento da prevalência de depressão e ideias suicidas.
Se a condição não for tratada corretamente, podem ocorrer delírios e alucinações, além de graves problemas cardíacos, ósseos, musculares e reprodutivos.
Como realizamos o diagnóstico de problemas de saúde mental relacionados à distúrbios da tireoide?
De acordo com a Associação das Doenças da Tireoide (ADTI), tanto o hipertireoidismo quanto o hipotireoidismo apresentam sintomas depressivos em comum, tornando essencial determinar se a depressão é uma condição independente ou resultado da disfunção tireoidiana.
Ou seja, antes de iniciar um tratamento para depressão ou tireoide, é fundamental identificar a verdadeira origem do problema.
É sabido que a relação entre a tireoide e a mente é bidirecional. Disfunções tireoidianas podem mascarar diferentes síndromes psiquiátricas, e certas síndromes psiquiátricas também podem modificar a função tireoidiana.
Portanto, em caso de dúvida, é essencial investigar possíveis alterações hormonais através da avaliação dos níveis de hormônios tireoidianos.
Além disso, é importante avaliar a saúde mental dos pacientes com patologias tireoidianas, especialmente aqueles com alterações autoimunes.
Assim, realizar o diagnóstico de problemas de saúde mental relacionados a distúrbios da tireoide envolve uma abordagem multidisciplinar, na qual a colaboração entre o endocrinologista e o psiquiatra é fundamental.
Iniciamos o processo com uma avaliação clínica detalhada do paciente, onde são identificados sintomas relacionados à problemas na tireoide.
Também é preciso analisar o histórico médico do paciente para identificar possíveis fatores de risco.
Em seguida, solicitamos a realização de exames laboratoriais, sendo o teste de TSH (Hormônio Estimulante da Tireoide) o mais comum para avaliar a função tireoidiana.
Níveis elevados de TSH indicam hipotireoidismo, enquanto níveis baixos podem indicar hipertireoidismo.
Além disso, testes para anticorpos antitireoidianos, como o anti-TPO (peroxidase tireoidiana), também podem ser realizados para detectar doenças autoimunes da tireoide, como a tireoidite de Hashimoto ou a doença de Graves.
Simultaneamente, realizamos uma avaliação psiquiátrica que inclui entrevistas estruturadas e questionários padronizados para avaliar sintomas psiquiátricos e sua gravidade.
Podemos utilizar ferramentas como a Escala de Hamilton para Depressão (HAM-D) e a Escala de Ansiedade de Hamilton (HAM-A).
Nesse ponto, também avaliamos o histórico do paciente em relação a sintomas psiquiátricos e tratamentos anteriores, para entender a inter-relação entre a disfunção tireoidiana e os sintomas de saúde mental.
Quais tratamentos podem ajudar a melhorar a saúde mental em pacientes com distúrbios nessa glândula?
Geralmente, adotamos estratégias que combinam intervenções médicas, psicoterapia e modificações no estilo de vida do paciente, garantindo um tratamento abrangente.
A intervenção médica para hipotireoidismo envolve a reposição de hormônios tireoidianos sintéticos, o que ajuda a normalizar os níveis de T4 e TSH, aliviando sintomas como depressão e fadiga.
Para hipertireoidismo, medicamentos antitireoidianos são prescritos para reduzir a produção de hormônios tireoidianos, ajudando a controlar sintomas como ansiedade e irritabilidade.
Já o especialista em saúde mental pode prescrever medicamentos para tratar sintomas psiquiátricos associados, como depressão e ansiedade.
Além das intervenções médicas, as intervenções terapêuticas são essenciais no manejo dos sintomas mentais.
Sessões com o psiquiatra proporcionam suporte emocional e estratégias para manejar o estresse e os sintomas psiquiátricos.
Ademais, incentivamos modificações no estilo de vida, como uma dieta balanceada e rica em nutrientes, adequada ingestão de iodo e a prática regular de exercícios físicos para melhorar a energia e o humor geral dos pacientes.
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O monitoramento contínuo dos níveis hormonais através de exames de sangue periódicos e avaliações psiquiátricas regulares também é fundamental para ajustar o tratamento conforme necessário.
Reforçamos que a colaboração entre endocrinologistas e psiquiatras garante um manejo eficaz e integrado, abordando tanto os aspectos físicos quanto mentais dos distúrbios da tireoide.
Portanto, caso você ou algum familiar apresente sintomas relacionados ao distúrbio da tireoide ou problemas de saúde mental, entre em contato com o Centro Afeto agora mesmo.
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