Você deseja conhecer as opções de tratamentos para o transtorno bipolar?
Imagine viver em uma montanha-russa emocional, onde um dia você se sente bem, com energia e confiança, e no outro, é engolido por uma onda de tristeza e desespero?
Essa é a realidade de cerca de 140 milhões de pessoas em todo o mundo que convivem com o transtorno bipolar, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS).
O transtorno bipolar pode afetar qualquer pessoa, independentemente de idade, gênero ou situação socioeconômica.
Essa é uma condição que vai muito além das simples variações de humor que todos nós experimentamos de vez em quando.
Para aqueles que vivem com essa condição, os altos e baixos podem ser extremamente debilitantes e impactar todas as áreas da vida, desde relacionamentos pessoais até a capacidade de manter um emprego.
Entretanto, avanços no campo da psiquiatria e da farmacologia têm levado a uma melhor compreensão do transtorno e ao desenvolvimento de diversas opções de tratamento eficazes.
Acompanhe neste artigo!
O que é o transtorno bipolar?
O transtorno bipolar é uma condição de saúde mental caracterizada por mudanças no humor, energia e níveis de atividade.
Aqui, é importante compreender que a bipolaridade, na realidade, faz parte do que chamamos de espectro bipolar.
Em linhas gerais, o espectro bipolar é um diagnóstico realizado ao longo do tempo (longitudinal), marcado por flutuações de humor atípicas. Essas flutuações incluem períodos de mania, episódios de depressão maior e estados de humor mistos.
Ou seja, suas apresentações variam desde episódios fundamentalmente depressivos, até aqueles de mania.
Durante a fase maníaca, a pessoa pode sentir euforia, ficar extremamente ativa e com um senso de autoconfiança elevado.
Porém, na fase depressiva, a pessoa pode se sentir extremamente triste, sem energia e desinteressada em atividades que antes eram prazerosas.
As apresentações mistas, em que sintomas dos dois pólos de humor se sobrepõem no mesmo episódio, também são comuns.
Além disso, pode ocorrer de um paciente nunca ter manifestado um episódio maníaco completo, porém ele tem períodos que duram pelo menos alguns dias com sintomas semelhantes ao de mania, mas em menor intensidade e ainda sem prejuízo da funcionalidade, esses episódios são chamados de hipomaníacos.
Quando um paciente com depressão apresenta sintomas hipomaníacos no atual episódio ou na sua história de vida, ele também é diagnosticado como bipolar.
Quais são as causas dessa condição?
Ainda não compreendemos as causas exatas do transtorno bipolar.
Entretanto, acredita-se que os seguintes fatores estejam envolvidos:
Genética
Ter um parente de primeiro grau, como um pai ou irmão, com a condição aumenta substancialmente o risco de desenvolver o transtorno bipolar. Pesquisas indicam que cerca de 60 a 80% do risco de desenvolver bipolaridade é atribuído a fatores genéticos.
Bioquímica
Alterações em certas áreas do cérebro e nos níveis de neurotransmissores, como noradrenalina, serotonina e dopamina, estão associadas ao transtorno bipolar. Essas substâncias químicas cerebrais são cruciais na regulação do humor e podem contribuir para as mudanças extremas de humor vistas na bipolaridade.
Fatores ambientais
Eventos estressantes ou traumáticos, como a perda de um ente querido, abuso ou maus-tratos na infância e altos níveis de estresse, podem desencadear episódios de mania ou depressão em pessoas predispostas geneticamente ao transtorno bipolar. Ademais, o uso excessivo de álcool e drogas também pode piorar os sintomas.
Quais são os tipos de transtorno bipolar?
Existem diferentes tipos de transtorno bipolar, cada um com características específicas:
Transtorno bipolar tipo I
O transtorno bipolar tipo I é marcado pela alternância entre episódios maníacos e episódios depressivos.
- Episódios maníacos: durante a mania, a pessoa pode experimentar grande sensação de poder, impulsividade, diminuição da necessidade de sono, aumento da energia, euforia, irritabilidade e até agressividade física ou verbal. Pode haver também uma diminuição na concentração e mudanças comportamentais extremas;
- Episódios depressivos: caracterizados por humor deprimido, falta de energia, desinteresse pelas atividades, alterações no sono e apetite, baixa autoestima e pensamentos suicidas. Esses sintomas são intensos e causam grandes impactos na vida do paciente, podendo levar a complicações psiquiátricas e ao risco aumentado de suicídio.
Transtorno bipolar tipo II
No transtorno bipolar tipo II, os pacientes apresentam episódios depressivos maiores e episódios de hipomania.
- Episódios de hipomania: são períodos de euforia menos severos que a mania, caracterizados por aumento de energia, otimismo, excitação e possível agressividade. Esses episódios não são tão graves a ponto de necessitar de hospitalização;
- Episódios depressivos: semelhantes aos do tipo I, mas a alternância com a hipomania pode resultar em menor prejuízo funcional. No entanto, a depressão pode ser duradoura e severa, afetando consideravelmente a vida do paciente. Sintomas podem incluir alterações no apetite, ganho ou perda de peso, cansaço mental, irritabilidade, ansiedade, e pensamentos suicidas.
Outros Tipos de Transtorno Bipolar
- Transtorno bipolar não especificado ou misto: caracteriza-se por sintomas que não se enquadram totalmente nos critérios de duração ou intensidade dos tipos I ou II. Os pacientes podem apresentar sintomas mistos de mania e depressão ao mesmo tempo;
- Transtorno ciclotímico: envolve oscilações crônicas do humor entre sintomas de hipomania e depressão leve que podem ocorrer dentro de um único dia. Muitas vezes, confundimos essas oscilações com um temperamento instável.
Tratamentos para o transtorno bipolar: como realizamos o diagnóstico?
O diagnóstico do transtorno bipolar é feito pelo psiquiatra por meio de uma avaliação completa da história clínica do paciente.
Durante essa avaliação, analisamos o histórico pessoal e familiar do paciente para identificar padrões de sintomas e possíveis predisposições genéticas.
Para ajudar a identificar e confirmar o diagnóstico, questionários padronizados, como o “Mood Disorder Questionnaire” (MDQ), o Young Mania ou a “Hypomania Checklist” (HCL-32), podem ser utilizados.
Entrevistas estruturadas, como a “Structured Clinical Interview for DSM-5” (SCID-5), também são ferramentas importantes nesse processo.
Além disso, é essencial focarmos em realizar um diagnóstico diferencial para excluir outras condições que possam estar causando os sintomas, como transtornos de ansiedade, esquizofrenia ou uso de substâncias.
Isso pode envolver exames físicos e testes laboratoriais para descartar outras causas médicas.
É preciso ressaltar que, como o transtorno bipolar pode não ser imediatamente aparente, pode ser necessário monitorar os sintomas ao longo do tempo para observar padrões de humor e comportamentos.
Esse acompanhamento contínuo ajuda a garantir que o diagnóstico seja preciso e que o tratamento seja ajustado conforme necessário.
Tratamentos para o transtorno bipolar: quais são as opções?
Cerca de 2,5% da população mundial pode ter bipolaridade do tipo I ou II durante a vida.
Esses transtornos estão associados a uma redução na expectativa de vida e alto risco de suicídio.
Assim, esta é uma condição de saúde mental que exige uma abordagem multifacetada para seu tratamento, mesmo que ainda não haja uma cura definitiva.
Geralmente, o tratamento deste transtorno tem 3 fases:
- Aguda: visa estabilizar e controlar as manifestações iniciais;
- Continuação: busca alcançar a remissão completa;
- Manutenção ou prevenção: busca manter os pacientes em remissão.
Inicialmente, o objetivo principal será o de controlar os sintomas e melhorar a qualidade de vida dos pacientes.
Em relação à medicação, estabilizadores de humor, como o lítio e anticonvulsivantes são utilizados para prevenir episódios maníacos e depressivos.
Também podemos prescrever antipsicóticos para controlar sintomas de mania e depressão, tanto na fase aguda quanto na manutenção do tratamento.
Além dos medicamentos, a neuromodulação, especificamente a estimulação magnética transcraniana (EMT), tem se mostrado eficaz.
Este tratamento não invasivo, regulamentado pela Anvisa, utiliza pulsos magnéticos para estimular áreas específicas do cérebro e é particularmente útil para pacientes que não respondem bem aos medicamentos tradicionais.
Além disso, a psicoterapia é outro componente vital do tratamento.
Nesse sentido, a terapia cognitivo-comportamental ajuda os pacientes a identificar e modificar padrões de pensamento negativos e comportamentos disfuncionais.
Por fim, recomendamos que os pacientes se atentem ao estilo de vida.
Uma dieta saudável, exercício regular, uma boa higiene do sono e a redução do estresse são essenciais para manter a estabilidade do humor.
Essas opções de tratamento, combinadas com um diagnóstico preciso e acompanhamento contínuo, ajudam os pacientes a gerenciar o transtorno bipolar e levar uma vida produtiva e satisfatória.
Portanto, caso você ou algum familiar apresente sintomas relacionados ao transtorno bipolar, agende uma consulta no Centro Afeto o quanto antes.
Nossos especialistas em saúde mental estão prontos para fornecer o suporte necessário e criar um plano de tratamento personalizado para ajudar você a alcançar uma vida equilibrada e saudável.